quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Meu entusiasmo é tão grande em relação às fotos que tiramos hoje que nem iniciei este post com uma frase esdrúxula, como de praxe. Fomos hoje a um passeio de barco pelo rio que corta de largo a região onde está construída a Torre de Shanghai. Serezumanos... fiquei boquiaberta com tanta beleza. Não me lembro de ter visto obra de mãos de homens, moderna, tão linda quanto. E revivi uma experiência edificante ocorrida ontem, aos pés da grande torre e numa primeira vez em Shenyang, num local belíssimo e com bastante neve. Ontem, mesmo quando gravava um dos vídeos do post anterior, me bateu uma alegria muito grande por viver momento tão único, mas junto a esta alegria veio uma tristeza ainda mais profunda que nas vezes anteriores. Ao ver lugar tao inóspito quanto o frio extremo de Shenyang, ou a beleza da elevada Shanghai e suas árvores milenares de concreto e aço, chorei de emoção, de tristeza. Tristeza por não poder compartilhar momentos tão magníficos com as pessoas que mais amo neste mundo. Me senti, de certa forma, egoísta por viver sozinho cenas tão perfeitas. Claro, não tenho culpa de ser enviado à China para uma missão profissional, mas mesmo assim. O guerreiro não deita com sua mulher enquanto seus amigos ainda estão na peleja da guerra. O amigo, o pai, o marido, o homem de ligações profundas com outras pessoas, jamais vai conseguir desfrutar de tudo o que um local qualquer puder oferecer, se os seus não estão consigo. Foi mágico e lindo poder entender isto e viver com profundidade esta alegria-dor. O amor que sinto pelos meus me deixou mais humano. Fez-me mais sensível, empático, solidário, homem. O mix de dois sentimentos aparentemente tão antagônicos foi algo inusitado e que, no entanto, abriu uma janelinha do meu entendimento.
Me senti feliz por estar triste. Me senti triste por estar feliz.
E só de escrever estas palavras a emoção retoma parte de mim e me deixa feliz-triste-feliz.

Cresci.
Viajei, vi, me emocionei, aprendi, enriqueci minha cultura.
E chorei. E sorri. E chorei sorri.
Fiquei feliz por outras coisas também. Feliz por me sentir bem num local tão longínquo quanto podem ser longínquos os ermos mais inóspitos da Terra, mas que ao mesmo aquecido com o calor dos chineses e com os sorrisinhos perfeitamente puros e sinceros das criancinhas dos zoim puxado.
Feliz por me sentir integrado aos elos mais belos da essência humana. Assim senti ao emocionar-me como uma criança, como quem ganha um brinquedo novo, ou como quem é encontrado ao abraçar aquelas duas pequenas dádivas divinas que conheci e amei, fato ilustrado em foto há dois posts anteriores. Me senti tão bem por poder constatar que o amor, em sua expressão mais autêntica, o amor despretencioso, anônimo, sem ontens ou hojes, o amor sem amanhãs, brotou, cresceu e ramificou em mim. Ramificou-se em ações como estas. Me senti Carlitos e o Menino. Me senti A Vida É Bela, me senti O Campeão que nega suas próprias razões em detrimento de um benefício futuro de um futuro adulto. Me senti um personagem de Akira Kurosawa correndo, invasivo, nos campos de centeio de Van Gogh. Me senti um ator de peças de teatro infantil (e meu sincero e profundo afeto e admiração ao grande homem Cristiano, que faz exatamente isto, alheio aos pseudo reveses). Me senti homem, em seu significado mais válido. Só agradeço a DEUS por ter feito de mim um homem-menino que fala a língua das crianças e se sente em casa com seis bolinhas de gude pra cada um. Vivi a internacionalidade do amor, a universalidade da inocência, o mundo ideal que, um dia, viveremos sim, mil anos!!!! Não me senti grande! Ao contrário! Senti-me frágil como são frágeis os pequenos filhotinhos de um bichinho qualquer. O que seria de nós, pobres mortais, se não fosse o cuidado de Deus em guiar-nos por terrenos tão inesperados quanto os rios da monumental China? O que seria do supra sumo da criação, a criança, se a pureza não lhe abundasse o coração e não contrabalanceasse o opróbrio que há no mundo dos homens brancos adultos racionais?
O que seria da minha pouca sensibilidade se não fossem os amplificadores máximos chamados crianças? O que seria, pergunto-me, do homem mal se não fosse o amor dos homens bons? O que seria da fraternidade, do senso de justiça, da harmonia, da tolerância se não fossem os gritos de alegria das crianças que brincam na neve com um boneco ou sob s árvores com uma tanajura?
Vc tem a resposta?
Eu tenho: CAOS.

Amanhã, meus meninos e meninas sempre sorridentes, amanhã rolarão fotos!

Desculpem-me distorcer a temática do blogão, mas, na vida real, não foi em nada distorcida. Algumas chaves são universais e apertam e desapertam qualquer tipo de parafuso.

Fui longe pra China. Fui longe da China. Fui a um passeio em mim.

Beijo a todos everybody together now and ever!


Mcl

7 comentários:

Denynha disse...

Uma semana antes de você viajar eu te falei isto: q esta viagem seria uma viagem de auto conhecimento, marcelo by marcelo..marcelo sendo Lorí...e com este post você confirma isto. lindo, belo, intenso...pelo seu relato 'viajo' com você por este barco...

Denynha disse...

uai, cade vc?
e as fotos?

Mcl disse...

Desculpem o atraso no post das fotos, mas ontem trabalhamos muito, a fábrica é muuuuito longe do hotel, cheguei no bagaço total, dormi cedo e agora de manhã já tô atrasado para a reunião de fechamento do treco. Dentro de duas horas, máximo, espero estar com o pen drive conect e detonando.
Bjos everybody

Mcl

MadHouse - Made in House disse...

Mano.
Chinainspiration hein!
Que tanto de coisa tocante que vc ta escrevendo !

Gi... disse...

Não, Marcelo, você não distorceu o porpósito do blog. Pelo menos pra mim. Acaba sendo mais emocionante ver a viagem sob as suas impressões. Me imaginei no seu lugar diante de coisas gigantescas e me deu um desespero. Deve ser muito massa. Viva a Ozzyna!

Mirian disse...

Legal isto. A cada oportunidade em
nossa vida devemos procurar crescer como pessoa. Este é o grande ganho.
Você trará na bagagem não só um grande crescimento cultural com também pessoal. Uma pessoa que não consegue isto, não tem como ser feliz.
Beijos...

Andersounds disse...

Pregão, texto DUKARAIOOOOOO!! No more comentários